quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

SNOWBOARD NA SE







Domingo,
6 da manhã…
Destino Serra da Estrela.
Objectivo: Snowboard.

Toca o despertador ao fim de apenas três horas de silêncio.
Tarefa: Vestir roupa quente, acordar a dorminhoca da Ana que expressava com o corpo “almofada onde estás tu?” pois o êxtase era demasiado grande para ficar em casa e na cama, com tábuas fabulosas para estrear e com uma neve fofa e branca a chamar pelos nossos rabinhos, joelhos, pulsos …
Lá fomos nós…
Os três da vida airada. O boneco de neve 09 (Ana Rosa), a betinha cota radical (me) e o personal back trainer (Filipe).
Mas posso dizer que é uma sorte estar a escrever este post, e de termos chegado á Serra da Estrela. Ainda hoje podíamos estar na casa de banho da Estação de Serviço de Santarém à espera que vagasse dois W.C.
Como Deus, queria divertir-se um pouco à nossa conta a ver-nos surfar/cair na Serra da Estrela, não adiou mais a espera e fez com que percebesse-mos aproximadamente ao fim de 10 minutos que os W.C. estavam vazios.
Siga viagem.
Ao fim de quase 3 horas de rectas, curvas e contra curvas, sem novo W.C. coberto à vista, o nervosismo despertou o instinto animal que reside em cada um de nós e contribuímos para a fertilização da mata…e lá foi disso…
A fome começava a apertar. Uma bela sandes de queijo da serra piscava-nos o olho. Não lhe resistimos e trincámo-la toda até à última migalha.
De estômago cheio e quente, a adrenalina começava a fazer-se sentir.
Huuuummmm que delícia!
Chegámos e o ânimo que já se fazia sentir detonou.
A pita que até diz umas coisas fixes, adoptou a alcunha de boneco de neve 09, vá-se lá saber porquê (ver fotos, só falta a cenourinha no nariz :-P) e eu, a betinha cota radical, desenrascámo-nos muito bem logo na segunda tentativa. Palavras do nosso personal back trainer (reconhecido à distância por surfar de costas e bem).
E lá fomos pista a baixo com a garrafa de água enterrada na neve metros acima à nossa espera.
Deixando o personal back trainer surfar um pouco sem as piolhas atrás, restava-nos apenas 150 metros de pista para surfar sozinhas até às cadeiras. O que se viu de seguida foi, “Meninas no ar, meninas no chão”, “Meninas no ar, meninas no chão”, “Menina no ar a voar a 100 km/h, menina no chão a comer neve, igualmente 100 Km/h (boneco de neve)”…
Faltavam 5 metros para chegar ao ambicionado destino, quando chega o personal back trainer, totalmente descontraído, depois de, sozinho ter subido as cadeiras e de ter feito uma pista inteira sem cair uma única vez.
Que nhurras, como costumo dizer.
Mas a aventura não se ficara por ali.
Até nas cadeiras a emoção se manifestou ao rubro.
Começámos por ser expulsas por ter tirado a tábua dos pés, sendo obrigadas a colocá-la novamente se quiséssemos subir. De volta às cadeiras, por minutos podemos descansar, recuperar o fôlego, vislumbrar a próxima Serra a surfar e planear estratégias de saída das cadeiras para que não caíssemos novamente.
Acham que foi direitinho?
Foi.
A minha tábua foi direitinha em cima da tábua do boneco de neve 09 ou vice-versa e, mais uma vez, “Meninas no ar, meninas no chão”.
Admiro a paciência, coragem e bondade do personal back trainer. Só mesmo por amor e amizade :-)
Radicais e aventureiros como somos, mesmo que um tenha os pulmões atulhados de nicotina, escolhemos a segunda pista mais inclinada.
O boneco de neve 09 achava que estava a cumprir pouco o seu papel de boneco e queria parar constantemente, mas no chão, aproveitando para queimar e corar o rabiosque e a barriguita. O personal back trainer, fez-lhe companhia, não fosse alguém abalroar o boneco de neve transformando-o em bola de neve :-)
Moi-même, a betinha cota radical, seguiu pista a baixo até que deixou de avistar os seus compinchas. Sentou-se e ficou à espera.
Entretanto chega ao seu lado o personal back trainer, senta-se e assegura que tudo ficara controlado.
Conversam, esperam, conversam, esperam, até que se avista um capacete a rolar pista a baixo.
De quem era o capacete?
Do boneco de neve 09.
Pensei - derreteu a cabeça e o capacete soltou-se, ou então, deu trambolhão tal que perdeu a cabeça (brincadeirinha :-P) mas não…
Quando olhámos para o lado, vimos o boneco de neve, com cabeça, a correr fora da pista a tentar apanhar o capacete.
O que se passou foi: O trambolhão deu-se, é certo, e foi tal que o capacete soltou-se.
Unido de novo o grupo, sentámo-nos a conversar um pouco mais. Olhamos para baixo e vimos a mota de socorro a subir pista acima. Pensámos - olha, alguém se magoau.- Surpresa a nossa quando percebemos que vinha em nossa direcção em socorro.
Chegaram e perguntaram "então, está tudo bem?" na nossa inocência e admiração com um ar pasmado dissemos que sim.
Então porque é que eles vieram ter connosco? Vieram porque estávamos ali sentados há muito tempo, diziam eles e porque nos viram a acenar os braços.
Ora, já não podemos estar sentados a tertúliar e a bracejar ao boneco de neve 09 que parecia mais do que perdido…?
Esclarecido o assunto com a equipa de socorro e ter aprendido os sinais (um braço no ar significa que está tudo ok, dois braços no ar cruzados significam que precisamos de socorro), e depois de o boneco ter-se arrependido de não aceitar boleia para baixo, lá continuamos pista a baixo, com algumas baixas.
Como os pulmões do boneco de neve 09 já não aguentavam mais ar puro, subidas e descidas, um descansozinho na esplanada a fumar mais um cigarrinho foi a melhor solução encontrada. Ora, os pulmões já reclamavam nicotina temos de compreender :-P
O elenco resumiu-se a dois, continuando pista acima para novas aventuras. Numa delas, durante uma queda, senti a estalar praticamente todos os ossos do meu corpo, tendo até a sensação de que o meu cérebro tivera abanado por segundos.
Desisti?
Não.
Pista a baixo.
ADOREI! ADOREI! ADOREI! E ADORO-TE! E quero repetir!
Juntei-me ao boneco de neve 09 para descansar um pouco, aproveitando para observar de longe as perícias do personal back trainer, inconfundível, tamanha eram as manobras de descida.
De bofes quase na boca, ao fim do dia, ainda fizemos uma bela caminhada até ao carro.
De roupa trocada, cuequinha seca e mais quentes, demos lugar ao jantar.
Novamente, Huuuummmm…
O boneco de neve 09, que agora dava lugar à Ana, estava repleto de dores em todo o lado possível e imaginável.
De regresso a casa, ao som de Baby Bird, um excelente som escolhido pelo Filipe, adormecemos com a sensação de ter ainda as botas calçadas e a surfarmos pista a baixo.
Sem sombra de dúvida que ficou o espírito de querer repetir tudo de novo e de preferência daqui a pouco tempo para não perder a prática.
É bom sentir-me viva e feliz, principalmente porque vivi tudo isto ao lado de duas pessoas que amo.
Quero mais!Quero mais!Quero mais!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

CONVERSAS COM DEUS

A sociedade está a mudar.
Isso sente-se, fala-se, escuta-se e observa-se.
Há dez anos atrás, pouco se ouvia falar sobre teorias holísticas, espiritualidade, aura, energia cinegética, premonições, etc.
Hoje, a busca e o desejo de encontrar a Entidade Criadora é cada vez maior.
Podemos chamar-lhe Criação Divina, Supremo Arquitecto, Buda, Natureza Mãe, Deus, etc.
Eu escolho chamar-lhe Deus, Senhor Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Questionamo-nos, porque é que actualmente procuramos novas respostas e tentamos compreender melhor o nosso “papel” de vida, nesta vida.
Considero que procuramos essa mudança porque, o nosso consciente colectivo sabe que perdeu a identidade. Procura referências que o conduzam à felicidade, tal como um Ser procura os seus progenitores caso tenha sido afastado dos mesmos.
Trata-se de identidade. O regressar à origem da Criação Divina.
Deus criou-nos à sua semelhança e ama-nos por igual, mesmo que entre nós hajam assassinos, tal como Hitler.
No livro “Conversas com Deus” – volume 2, Deus diz que Hitler foi para o céu.
Alguns de nós poderão questionar-se porquê? Principalmente aqueles que defendem a pena de morte e o fanatismo religioso.
No livro, Deus explica-nos que, todos juntos, formamos ele próprio, UNO -DEUS. Dessa forma, ao olharmos o outro, mesmo que achemos que está a agir mal, devemos amá-lo e aceitá-lo, pois estamos perante a nossa extensão de Ser.
Pode parecer complicado em primeira instância mas, se transmitirmos amor, recebemos amor. Se cultivarmos ódio, esse multiplicar-se-á e arruinará tudo á sua volta. Se desejarmos a morte, mataremos e morreremos…
Deus criou-nos com amor e por amor.
Pede-nos que, com amor, através da incrível experiência chamada sexualidade, nos multipliquemos mas também, e acima de tudo, tenhamos prazer quer na auto-satisfação quer em comunhão.
As igrejas pudicas e recriminatórias, ditas detentoras da Palavra de Deus, incessantemente condenou-nos e condena-nos ao inferno e ao purgatório caso façamos sexo só por prazer e com prazer, sem finalidade reprodutiva, mesmo que seja com a pessoa que nos ama e que amamos.
Não vejo Deus como impiedoso e cruel.
Vejo-o como O CRIADOR de todas as coisas e não como O DESTRUIDOR.
Se o procurarmos na nossa essência, Deus dir-nos-á:
“Experienciem a sexualidade não com vergonha, não com culpa, não com medo porque a vergonha não é virtude; a culpa não é bondade; o medo não é respeito;
E não com luxúria, não com abandono, não com agressividade porque a luxúria não é paixão; o abandono não é liberdade; a agressividade não é impetuosidade.
E, obviamente, não com ideias de controlo ou poder ou domínio, porque essas nada têm a ver com Amor.”
Dir-nos-á também: “Amem, amem as coisas que desejam, porque o vosso amor por elas será atraído para vós.
O que desejam é a substância da vida. Quando as amam, amam a vida! Quando declaram que as desejam, anunciam que escolhem o que a vida tem de bom para oferecer!
Portanto escolham o poder - todo o poder que possam reunir!
Escolham a fama - toda a fama que possam alcançar!
Escolham ganhar - todo o ganho que possam experienciar!
Escolham o sexo - todo o sexo que possam ter!
Mas, não optem pelo sexo em vez do amor, mas sim como celebração desse amor.
Não optem pelo poder sobre, mas pelo poder com.
Não optem pela fama como um fim em si, mas como um meio para um fim maior.
Não optem pelo sucesso à custa dos outros, mas como uma ferramenta com a qual podem ajudar os outros.
Não optem por ganhar a todo o custo, mas por ganhos que nada custem aos outros e que até lhes tragam ganhos também.
Vão em frente e optem pelo amor ao próximo - vejam o outro como ser de amor, e façam-no!
Vão em frente e optem por ser melhores - mas não melhores que os outros; de preferência, melhores do que eram antes.
Vão em frente e optem por ter mais, mas só para que tenham mais para dar.
E sim, optem por "saber como" e "saber porquê" - para que possam partilhar todo o conhecimento com os outros.
E optem seguramente por CONHECER DEUS.
De facto, ESCOLHAM ISSO PRIMEIRO e tudo o resto se seguirá.”.

Assim seja,
AMEN.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A VIAGEM



Fecho os olhos. Respiro fundo.
Demorei cinco tempos até chegar ao outro lado.
De vestido de algodão branco até aos tornozelos caminho descalça em direcção ao paraíso.
Os céus pressentem a minha chegada.
Ao fundo ouço os timbres dos trovões secos que caminham na minha direcção trazendo consigo o licor dos deuses em forma de água.
Sob os meus pés nus e frios, delicadamente, por entre as frestas do grande carvalho que me acolhe, caiem gotas de chuva. Uma a uma, uma a uma, uma a uma.
Enquanto caminho deleito-me com o seu toque. Parecem pequenos anjos a massajarem os meus pés.
A brisa do vento, envergonhada, subtilmente beija o meu rosto, escondendo-se rapidamente por entre os galhos do grande carvalho.
Folhas de várias cores, amarelas, verdes, vermelhas e castanhas, soltas pelo vento, caem aos meus pés.
Olho em frente e observo o tapete fofo e ainda quente que desenham no chão. Confortavelmente caminho sobre ele, produzindo um manto de plumas brancas que lentamente sobem aos céus.
Ao fundo avisto um rio de água cristalina que sustenta uma pequena ponte de madeira.
A meio da ponte encontra-se situado o meu Mestre, que sorri docemente enquanto observa a força do caudal do rio.
Dirijo-me até ele.
Faço-lhe uma vénia como cumprimento e respeito.
Ele retribui-me com um sorriso.
Durante minutos olha-me nos olhos. Percorre toda a minha alma e pensamento.
Permaneço imóvel.
Toda a sua bondade, amor, tranquilidade, serenidade e paz consagra o meu ser.
Sinto-me abençoada.
Faz-me sinal para estender a mão. Coloca-me um pequeno tronco de árvore e pede-me que atire rio fora.
Esse pequeno tronco representa todo o passado que não interessa mais.
Tal como o tronco, que já não pode regressar à árvore onde nasceu, os acontecimentos do passado já não podem voltar à minha vida.
Observo-o a avançar rio fora, por entre a corrente, mergulhando e vindo ao de cima várias vezes, até que desaparece do alcance da minha visão.
Ao fundo vejo a sobrevoar uma Fénix com um pequeno tronco na boca, que acabara de colher no rio.
Voa em direcção ao seu ninho e coloca-o bem no topo. Pousa e aconchega-se junto dele.
Em silêncio contemplo a beleza dionisíaca que me defronta, conseguindo alcançar a mensagem que me está a ser passada.
Aquele pequeno tronco perdeu a importância que tinha como tronco que, em tempos, acolheu flores, folhas e frutos. Agora a sua função é outra. Deverá acolher e proteger uma das mais belas e simbólicas aves que simboliza o renascimento.
O passado de vida não interessa mais procurar. Servirá para alguém como obra de crescimento e de referência.
A minha vida presente encontrava-se à minha frente. Pura e cristalina como a água daquele rio.
Faço uma nova vénia de agradecimento ao meu Mestre por ensinamento tão sábio.
Numa voz solene que entoa os céus diz-me: - O conhecimento vive dentro de ti e está sempre ao teu alcance. Basta chamares por ele que o encontrarás.
Olho para cima e contemplo um feche luminoso que desce lentamente até junto de nós, formando à minha frente um espelho de luz. O meu Mestre faz-me sinal para avançar.
Despeço-me dele agradecendo uma vez mais e avanço.
Dentro do feche luminoso, 3 objectos são-me passados para a mão por um Ser de Luz.
Um escopro, um martelo e uma pedra.
A mensagem era tão clara quanto a luz que irradiava toda a minha entidade.
Do outro lado da luz encontra-se uma senhora em pleno trabalho de parto.
Dentro de poucos minutos uma nova vida iria nascer.
O Ser de luz diz-me:
- Segue. O próximo passo terá de ser dado por ti.
De livre arbítrio, estou prestes a esculpir a minha nova vida.
Inspiro profundamente com um enorme sopro de vida, de amor, pureza, prazer e felicidade.
Penso - em cinco tempos estarei do outro lado.
Serei um rapaz e chamar-me-ei
Mateus.